Do chão, o cego disparou a praguejar:
“Nem mais sujeito sou,
sujeito que sou das agruras do destino. Sou restolho, resto, já que tirado de
mim foi tudo que me fazia alguém. Sendo restolho, dou valor ao ínfimo me dado por
sobra, mas rejeito a sujeição à cega fé, pois me resta um olho, um negro e vivo
olho! Olho restante, olho restolho, pelo qual vejo, pelo qual me assanho a
saber do mundo, a ter ciência da miséria dos que tudo tem, daqueles que com
extrema paciência tomo, do rés do chão, nota dos tantos passos apressados, abundantes,
errantes...”.
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