domingo, 28 de abril de 2013

crenças...()

Vestindo sofrido terno, ele bradava certezas, ali, na praça, de pé, reto, impoluto! E apontava o caminho da salvação; e investia raivoso contra os de pouca bondade no coração; e lançava ofertas de bem-aventurança; e dizia que a estrada da fé era plaina, bordeada de relva, para os que devotavam fé ao Senhor; e lamentava, vociferava contra os passantes, os hereges, os que transformavam a bem sinalizada avenida da salvação em labirintos de perdição; e dizia bastar confiar no sinal, crer nas verdades bíblicas que dele emanavam em sentenças miradas no juízo final, fiar-se em vereditos sem instâncias de apelação!

A poucos passos dali, recostado no balcão do bar entre tortas e cervejas, o homem próximo, irmão da vida desregrada, escutava pouco atento os verbos da pregação, das morais pregadas a golpes de marreta, e entendia mais prudente alimentar o corpo do que se lançar em tais aventuras do espírito, pois antes para ele as trilhas tortas do que as amplas avenidas da cega fé, pedagiadas com tarifas sempre proibitivas aos passantes, ao menos àqueles sem tamanha ambição à eternidade.

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