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sábado, 19 de setembro de 2020
Sobre o modo de ser das rosas (nos prenúncios da primavera e ao queimar das matas) ()
Embora faltem evidências
científicas mais sólidas, há relatos de que as rosas são vaidosas e salientes. Por
séculos a ciência se furtou ao fato, de modo que o assunto ainda não está
apaziguado entre os homens. Alguns defendem, com dura veemência, serem as rosas
tão só o que seus olhos veem; outros insistem haver algo por traz do jeito meio
que dissimulado das rosas. Estou com aqueles que expressam a segunda opinião,
bem porque ela me agrada. As rosas têm sentimentos. A quem falta bons olhos, é
natural a apatia das flores. Mera dissimulação vegetariana. Para os que bem
percebem, do reino vegetal afloram vaidades e revelações. Doutro modo, como
haveriam de viver as rosas? Se cortá-las a cabo, faça-as de imediato buquê.
Presenteie-as enlaçadas, em fitas douradas, encarnadas ou outras cores por
demais vivas. As rosas gostam de trajar finas roupas nas horas festivas. Contente-se
junto a quem as flores são oferecidas, mas não deixe de exaltar as rosas que se
dão em maço. Só assim elas se animarão a cada manhã na manufatura dos coloridos
e dos perfumes. E convenhamos, qualquer dia que se preze recusa o alvorecer sem
as cores e os perfumes que as rosas, imodestas, nos ofertam ainda molhadas a
cada raiar.