domingo, 28 de outubro de 2012

Inácio, o galináceo ()


Inácio era chegado num drama.  Seu cacarejo elevava sentimentos ao céu, dava arrepios até nas almas mais sensíveis. Diziam que seu canto anunciava crepúsculos, não alvoreceres.

Vaidoso, Inácio tornava palco o que era sujo poleiro, e prometia arte ao instintivo ofício de noticiar manhãs. Queria sinceramente comover, dar voz às dores galináceas, aos penares  dos irmãos de penas. Pensava subverter o mecânico anunciar da aurora, lançar luz sobre o viver dos galos, ver o mundo muito além da granja.

Seja por conta das pretensões ou porque a vida é mesmo assim, Inácio foi para a panela. No último ato, estava divino – pura arte dramática –, em sangrento banquete estendeu-se à mesa o bardo, servido que foi ao molho pardo.


sábado, 27 de outubro de 2012

Guichê... ()

Por detrás do guichê, eis que surge um ser serenamente disposto a todo disparate... 

carregador de frutas...




nas vielas do centro...



na praça...




amigo da onça... ()




Amigo da onça (embora se trate de golfinho...).


pelos lados da Paulista...


pelas bandas do centro... ()


ao lado do mercado municipal...


ao lado do mercado municipal...


na rua...




Clodô...

Clodoaldo é político desde criancinha. Quando pequeno, pleiteava maçãs e queijadinhas. Hoje, semeia promessas e colhe votos (além de tempestades).


na rua...




Amigo da onça... ()

Amigo da onça (embora se trate de jacaré...).

menino...


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Na rua, menininha com flor... ()





no balcão da lanchonete...


senhor!

Ele professa sonhos e confusões...

Sofia...




O rato ()




Rato boquiaberto ante o desprezo do gato, assíduo frequentador de pet shop e que tem ração balanceada como certa e garantida.
"Por que então me cansaria em tão tola carnificina?", segreda-lhe o felino. 
Restou ao rato o reto caminho da toca, convencido que a vida se lhe apequenara.
"Ainda mais que rato engorda", ouviu-se da toca a troça do gato.


na rua... ()


indios...

um rosto visto nem sei mais onde...


moça...


O monstro trelelé ()




O MONSTRO TRELELÉ
(para Sofia)


Que monstro mais trelelé,
parece uma coisa mas não é!


 Tem orelha de elefante,
e focinho de camelo.

Ou se sente elegante
se penteia o cabelo?


Que monstro mais trelelé,
todo confuso ele é.


 Põe o pé em jacaré
e a mão em tubarão.

Ou será o pé em tubaré
e a mão em jacarão?


Que monstro mais trelelé,
coisa boa é que não é,


Tem modos de palhaço,
e sabe dança-de-salão.

Ou umas vezes dá abraço,
noutras beliscão?
 
Que monstro mais trelelé,
muito faminto ele é!


Adora rabanete
mas prefere lamber sabão.

Ou será que curte sorvete,
quando tá um calorão?


Que monstro mais trelelé,
Bem estranho ele é!


Tem lombriga,
além de bicho-de-pé.

Ou será que gosta de briga
e também de cafuné? 


Que monstro mais trelelé,
algo doido ele é! 


É todo cheiroso,
com um baita dum chulé.

Ou fica dengoso,
quando ganha picolé? 


Que monstro mais trelelé,
gosta da vida como ela é!

Da unha da formiga,
Ao chifre do rinoceronte.

Ou será que tem uma amiga
doutro lado daquela ponte?


Que monstro mais trelelé,
é bonito do jeito que é! 


Tem só um dente,
mas é muito atraente.

Ou num dia tá carente,
noutros muito contente?


Que monstro mais trelelé,
um tanto humano ele é!


Não é parente,
mas parece com a gente.

Ou será que é a gente,
só que um pouco diferente?