domingo, 31 de março de 2013

Os abraços da menina ()

(Para Sofi)

De manhã,
não tão cedinho,
a preguiça
abraça a menininha.

A mãe chama,
e a garotinha,
ainda na cama,
aperta dona preguiça.

De repente,
se apruma,
 pede leite, pede pão,
de mãos dadas com o leão!

 E se arruma pra escola.
Uma meia de cada cor,
uma saia, uma bota,
em agarros com a marmota!

Rumo ao colégio,
chuta pedra, garrafa,
arma maior barraco.
Em seu ombro, o macaco!

Nas lições,
tira (quase) dez,
com elogios de lambuja.
Em seu colo, a coruja!

No recreio,
sebo nas canelas,
Band-aid no joelho.
Que abraço no coelho!

Já em casa,
arroz, feijão e
outras coisas, até chuchus.
Colada nela, o avestruz!

Depois do almoço,
mel, bala, sorvete
e mais o que der na telha.
Em seu nariz, a abelha!

Já de tarde,
pés no chão, quanta poeira,
igual rodamoinho.
Em seus braços, o porquinho!

E continua a brincadeira,
dança, canta, grita,
qualquer música ataca.
E faz carícias na maritaca!

Estende a tarde,
pula, corre,
e sonha com seu mundinho.
Em suas mãos, o passarinho!

Quase escuro,
atende à mãe, volta pra casa,
larga de arte, de geringonça.
Em suas costas, dona onça!

Toda sujinha,
vai pro banho
em pose de marajá.
No colo, o gambá!

Ao jantar,
 impaciente,
clama pela bóia.
Enrolada nela, a jibóia!

Após comer,
escovar os dentes,
quanta moleza, quanta ruga,
e aperta a tartaruga!

Já é tarde,
vai pra cama, choro,
berro, qual enterro.
Em seu colo, o bezerro!

Sob as cobertas,
quer tevê
e não sossego.
Em seus braços, o morcego!

Ao fim do dia,
a família está cansada.
Ai, como é abraçada,
como é amada essa guria!

boxeur


sábado, 30 de março de 2013

livraria... ()

À sombra das prateleiras, ele absorto se detinha nas Confissões de Santo Agostinho:

"Oh, que louco o homem que sofre, sem conformidade, os reveses humanos! Assim era eu então. Por isso, inquietava-me, suspirava, chorava, perturbava-me sem descanso nem circunspecção". 

mulher...


Vergueiro...


livraria... ()

No aconchego das muitas prateleiras, suas feridas calavam-se ante as Confissões de Santo Agostinho:

"Gostando de amar, procurava um objeto para esse amor: odiava a minha vida estável e o caminho isento de riscos, porque sentia dentro de mim uma fome de alimento interior..."

maître...

O maître passa o dia a enaltecer e recomentar foie gras en terrine, magret grillé sauce aillade, coq au vin, foie de veau à la lyonnaise, quiche lorraine, tarte au fromage blanc..., mas, em particular, ele confidencia querer mesmo é pegar logo o ônibus e chegar em casa a tempo do futebol e do ovinho frito.    

sexta-feira, 29 de março de 2013

boxeur


rua... ()

Os pés do menino chutam bola e asfalto. Vê-se a bola rumo ao gol e os pés em rodopios balançam um menino em gritos e prantos. 

terça-feira, 26 de março de 2013

centro...()

A chuva caia, mas um prenúncio de sol se fez sentir e o moço deixou rápido a  marquise, pulando as poças que, ora aqui, ora ali, denunciavam o piso mal drenado. 

várzea no morro... ()

Num piscar, as passadas mansas viravam desabalado trote e Isaías arremetia sem dó rumo à meta, entre pedaladas e pernadas. 

rabiscos...


sábado, 23 de março de 2013

corpo...

Olhares...

feira...

Ele estaciona e descarrega o caminhão um dia antes. 

bloquinho de rabiscos...


feira...

Ele oferta orquídeas, vindas sabe-se lá de onde. 

Sofi


dor...

A moça ergueu o olhar e nele se podia vislumbrar suave dor. Embora dor, suave era porque derivada do ciclo divino da vida, do eterno ceder e renovar da existência. Tão logo a dor cumpra seu necessário percurso, certo é que da moça brotará belo e ansiado sorriso.


bloquinho de rabiscos...



quinta-feira, 21 de março de 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

Várzea no morro... ()

Tinho um vez falou: “Se der mole, dou cabo da parada, mato a jogada”. Ninguém duvidou.

Várzea no morro... ()

Gambá ficava ligado, avançava na certeza, rapinava o adversário, seguia com a bola e dizia que o angu não era com ele. 

Várzea no morro... ()

Gêra subia da intermediária, puxava o carro, fazia carreira, ia mordido pro embate, levantava o pó.

segunda-feira, 18 de março de 2013

domingo, 17 de março de 2013

feira...

Eta chuva que esfalfa! Tem mais freguês negando que feirante conferindo. 

Várzea no morro... ()

Isaías ficava ali, descuidado, até dar o bote, fustigar o adversário e conferir.

Várzea no morro... ()

Cocó se arrumava pelos cantos e chegava sem amarras à grande área.