domingo, 25 de agosto de 2013

Inácio, o galináceo ()

Inácio, o galináceo, por muito tempo lançou ao alto seu canto, anunciando aos homens o alvorecer e a hora da labuta.
 Mas a cidade cresceu, abraçando o terreiro de Inácio. Mesmo em quintal emparedado, o galináceo empoleirado insistia no ofício, louvando manhãs e os homens laboriosos.
Mas os oficiais de escritório acordam tarde, e se exaltam com os louvores das manhãs, estrilam com quem tagarela às madrugadas.
E todos devem se submeter à municipalidade: o homem, o cão, os bodes; até as galinhas botadeiras estão sujeitas às posturas municipais.
A princípio, Inácio deixou de sustenidos e passou a cantarejar; mesmo assim, não contente, o povo de escritório levou o galináceo a trilhar outras veredas, arrastando consigo tão somente uns poucos cacarecos. 

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