sábado, 11 de maio de 2013

outonal...()

Raios do sol do outono do céu azul do dia frio desabam sobre nossas cabeças alegres. E a conversa é boa. E a água tem o odor da hortelã. A mesa é farta o suficiente: nem o muito nem o muito pouco. E o cheiro do café... como haveria de sofrer o mundo – guerras – se o céu é azul de outono...
Prefeitos de muitos e bons votos das cidades banhadas pelo outono: fazei-vos por lei, Vossas Senhorias, Excelentíssimos Alcaides, do outono um só feriado, desde o findar do verão até o inverno em seu princípio! E em decreto mandai vós, todos, em fila, os cidadãos, ao parque! Sujeitem os adoradores de escritórios aos raios solares! Submetam os contadores, os gerentes, as secretárias, os fiscais de renda e as ascensoristas, também os amantes de alcova e os rufiões, ao chão de relva do vasto canteiro central da avenida! Proíbam que os meninos das creches se ponham à sombra, com eles as crianças em correção; dê menos de uma hora para que lhes tirem as botas e comprometa-lhes os pezinhos à grama! Ponham os presos no pátio, se liberdade não lhes cabe – se é que não lhes cabe mesmo no cumprir das penas –, imponha-lhes a suavidade do sol e alguma companhia, creiam com fé que a luz outonal há de lhes amenizar a gana! Se com carros não se brinca, pois o progresso é primo-irmão das petrolíferas e das automobilísticas – disto sabemos desde criancinha –, ao menos, por decreto ou resolução, impinjam ao automóvel um roncar de motor mais mansinho, mansinho até quase parar, de modo que o gorjeio dos pássaros se firme às margens das autopistas! E ordene, aí com a devida polidez, que a fria política se exerça no calorzinho bom da praça ensolarada!
Já isto basta, pois para a montanha das outras muitas chagas do mundo são precisos outros muitos mil outonos de sol em céu azul!

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