Certo dia, uma borboleta se achou
minhoca e do ar pousou ao chão em busca de desvão. As minhocas – que não eram borboletas
– notaram o estranho fato e perguntaram por que tão belo ser buscava o árido solo.
A borboleta, no entanto, estava
entretida na sua condição de minhoca. E tanto fez que se ajeitou à terra.
Feliz na geologia do lar, renegou o ar, a luz e toda intensidade do mundo. Assim
feito, pensou ter encontrado paz.
Mas, por estranho que pareça, uma
minhoca, sua vizinha, passou a se ter por borboleta. Quis cores muito além de
seu mundo ocre e rompeu a argila rumo à luz.
No caminho, deu-se com a borboleta tida
por minhoca. Ávida pelo mundo, a borboleta – por natureza minhoca – apaixonou-se
por tão belo semelhante. Por sua vez, a minhoca – de natureza borboleta – viu na
outra o próprio semblante.
Desde então, pouco se sabe das
estranhas criaturas. Dizem, porém, que a borboleta – certa de ser minhoca – voltou
a revelar alguma simpatia pelas nuvens. E a minhoca – mesmo que borboleta – expressou
leve agrado pelas rochas.
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