terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A ovelha black-power ()

(aos que vivem à parte, fazendo arte)

Era uma ovelha daquelas negras.
Invocada, ciente de seus direitos,
não admitia ser tosquiada,
pois se dizia black-power.

Sendo negra, era desgarrada,
discriminada, evitada.
Assim, vivia à parte,
fazendo arte.

Um dia, o lobo da floresta
anunciou aos brados
que em bela festa
iria devorar ovelhas.

As ovelhinhas, coitadinhas,
temerozinhas, tosquiadinhas,
organizadinhas em filinhas,
choravam todas amoadinhas
a morte certa que já viria.

A ovelha negra,
ao ouvir tal bravata,
ficou possessa, irada,
inconformada.
E subiu nas tamancas,
rodou a baiana.

Mais que depressa,
foi para a floresta
ouvir do lobo
qual era seu mau.

Não se sabe o que ocorreu,
mas a partir daquele ano
o lobo se entendeu
convicto vegetariano.

E a ovelha, desgarrada,
black-power,
voltou à vida errada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário