(aos que vivem à parte, fazendo arte)
Era uma ovelha daquelas negras.
Invocada, ciente de seus direitos,
não admitia ser tosquiada,
pois se dizia black-power.
Sendo negra, era desgarrada,
discriminada, evitada.
Assim, vivia à parte,
fazendo arte.
Um dia, o lobo da floresta
anunciou aos brados
que em bela festa
iria devorar ovelhas.
As ovelhinhas, coitadinhas,
temerozinhas, tosquiadinhas,
organizadinhas em filinhas,
choravam todas amoadinhas
a morte certa que já viria.
A ovelha negra,
ao ouvir tal bravata,
ficou possessa, irada,
inconformada.
E subiu nas tamancas,
rodou a baiana.
Mais que depressa,
foi para a floresta
ouvir do lobo
qual era seu mau.
Não se sabe o que ocorreu,
mas a partir daquele ano
o lobo se entendeu
convicto vegetariano.
E a ovelha, desgarrada,
black-power,
voltou à vida errada.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário