quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mundo cão ()

Pulgas desnaturadas
habitavam vasto mundo:
um cão!

Por generoso,
pródigo,
o cão foi vítima de
explosão demográfica
e abuso generalizado.

E pulgas a não acabar mais
exploraram a geografia canina
até seus extremos mais frios:
do focinho à ponta do rabo.

Avidez e engenho
levaram as pulgas a
técnicas mais invasivas
em busca do sangue alheio.

Impiedosas,
nem tiveram cuidado
com produção ou
consumo sustentado.

E picaram
espicaçaram
furaram o cão,
até a prospecção
chegar ao coração.

Na sangria,
não se deram conta
da devastação.
Achavam natural
que a pujança das pulgas
arruinasse o cão.

Tempos depois,
a ciência das pulgas
revelou mudança
na temperatura canina.
E realmente quem o viu,
notou-o levemente febril.
Seria reação
a tanta agressão
à natureza do cão?

Polêmico,
o fenômeno foi tido,
entre outras coisas,
à derrubada do pêlo do cão,
iniciativa das pulgas
para melhor exploração.

Logo,
 a situação ficou insustentável:
tosses, soluços,
espasmos, convulsões.
Pêlo desgrenhado,
andar estropiado,
olhar enviesado
indicaram esgotamento do cão.

Sobressaltadas,
algumas pulgas,
aos saltos,
passaram a clamar:
- save the dog!
- save the dog!
- save the dog!

Esperam
que ainda haja salvação.
Se não,
será,
para o cão, danação,
para as pulgas,
o fim da picada!

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