Pulgas desnaturadas
habitavam vasto mundo:
um cão!
Por generoso,
pródigo,
o cão foi vítima de
explosão demográfica
e abuso generalizado.
E pulgas a não acabar mais
exploraram a geografia canina
até seus extremos mais frios:
do focinho à ponta do rabo.
Avidez e engenho
levaram as pulgas a
técnicas mais invasivas
em busca do sangue alheio.
Impiedosas,
nem tiveram cuidado
com produção ou
consumo sustentado.
E picaram
espicaçaram
furaram o cão,
até a prospecção
chegar ao coração.
Na sangria,
não se deram conta
da devastação.
Achavam natural
que a pujança das pulgas
arruinasse o cão.
Tempos depois,
a ciência das pulgas
revelou mudança
na temperatura canina.
E realmente quem o viu,
notou-o levemente febril.
Seria reação
a tanta agressão
à natureza do cão?
Polêmico,
o fenômeno foi tido,
entre outras coisas,
à derrubada do pêlo do cão,
iniciativa das pulgas
para melhor exploração.
Logo,
a situação ficou insustentável:
tosses, soluços,
espasmos, convulsões.
Pêlo desgrenhado,
andar estropiado,
olhar enviesado
indicaram esgotamento do cão.
Sobressaltadas,
algumas pulgas,
aos saltos,
passaram a clamar:
-
save the dog!
-
save the dog!
-
save the dog!
Esperam
que ainda haja salvação.
Se não,
será,
para o cão, danação,
para as pulgas,
o fim da picada!
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